quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Espelho.

Olá espelho. Porque que tu estás tão diferente hoje? Esta imagem que refletes me angonia, esta pele branca que contrasta os cabelos tão escuros não é mais a mesma dos dias anteriores, os olhos castanhos denunciam um olhar vazio, e as lágrimas no rosto não fazem jus ao sorriso tão lindo que deveria estar presente no mesmo. Escuto sussuros bem perto de meus ouvidos e mesmo assim não consigo parar de olhar para este reflexo oco e sem sal. Ah, espelho, quero parecer denovo alguém com vida.

breve,mas diz muitas coisas que mil palavras não seriam capazes de explicar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Untitled.

O escuro atraía-o; o vento forte que soprava em seus cabelos o fazia olhar para aquele abismo e sentir vontade viajar em seu infinito. Pular. Mas pular pra quê? Quando se tem tudo o que mais se pode esperar do mundo. Este era o seu problema, ele tinha tudo. Na verdade, tinha tudo mas não tinha nada...Desde que ela fora embora ele já não tinha nada.
Tão bela, tão estupidamente correta, tão dona do seu nariz. De que adiantava ter tudo agora que ela não estava mais aqui? Ela havia decidido não mais voltar porque sabia que continuando ali ela se perderia em um sentimento sincero, e isso a amedrontava tanto que ela já não podia mais suportar a angústia que seu amor lhe causava. Foi embora, deixando apenas seu perfume no travesseiro. E então ele poderia lembrar dela, ao menos até que o perfume sumisse. Ele nunca mais a viu ou teve notícias dela.
As fotos ela havia queimado em sua frente, as cartas e as juras de amor, mandou para o inferno, só o que restou foi aquele perfume; e então ele podia deitar-se em sua cama, e sentir aquele aroma tão doce, tão cheio de vida; podia lembrar da textura de sua pele e do seu cabelo liso, que ele acariciava com tanto amor para fazê-la dormir. Enquanto aquele perfume estivesse ali, ele deveria lembrar dela, mas quando o cheiro se perdesse no ar, perderiasse também o amor que sentiam um pelo outro. Aquele perfume no travesseiro que antes parecia tão insignificante, agora era sua última lembrança, a única coisa que ainda os unia.
Mas quando o vento levou embora aquele aroma, levou junto seu coração. Se não existissem lembranças dela em sua vida, simplesmente não existiria mais vida. Ele olhou para baixo e pulou. A última coisa que pode ver foi o rosto dela que estava quase se apagando em sua mente, e sentiu seu perfume, como se ela estivesse ao seu lado, contemplando a sua morte.
E não é que estava mesmo?

Este final,eu já sei,ficou estranho mas.. tire suas próprias conclusões sobre o destino da moça,leitor. Não posso interferir no desfecho de uma história de amor que não aconteceu,ou aconteceu?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

in my dreams.

Sozinha, no meu quarto, perdida em meus pensamentos; ele aparece, logo atrás de mim, sussura palavras bonitas ao pé do meu ouvido, e eu respiro o mais pausadamente possível, tentando acreditar que aquela imagem para a qual estou olhando não é coisa da minha cabeça. Tento tocá-lo, ele se afasta, nos seus olhos castanhos, a luz não reflete; ele continua sussurrando, cada vez mais baixo, e chega perto com cuidado; novamente, ergo minhas mãos para tocar seu cabelo, ele se afasta. Porque me perturba até em meus sonhos, meu amor? Já não lhe são suficientes as lágrimas que derramo por ti todas as noites? Ah, sei que não. Queres sempre mais, não é? Teu olhar me consome de tal forma, me destrói e me alimenta. Pára, deixa de me perturbar; sejas ao menos equanto durmo aquele com o qual eu sonhava acordada antes. Deixa eu alimentar as minhas ilusões, minhas perfeitas ilusões; deixa eu te tocar, mesmo que depois eu acorde neste meu quarto vazio e escuro, com meus olhos vermelhos e úmidos; agonizando e implorando pelo teu calor, e pelo teu olhar. Eu vou sempre querer mais deste teu olhar.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

veneno.

Ah, veneno que percorre as veias dos fracos e desiludidos; bebo-te e espero ansiosamente que percorras minhas veias, matando-me. Matando-me com sutileza, matando-me devagar, lenta e dolorosamente,cautelosamente. Devora-me aos poucos,líquido precioso. Faz-me delirar, delirar com loucura, com fervura, com louvour; afoga meu corpo em teu poder, possua-me.
Ah, veneno que percorre as minhas veias... tens tu uma particularidade que impressiona; mata aos poucos e friamente, causando enorme dor,desespero e aflição aos que te tragam, mas podes ser também cuidadoso e invisível, tão difícil de perceber como uma gota de chuva ao chão de um deserto. Me encanta o teu poder de persuasão diante de um simples ser tão fraco e doentio.
Ah,veneno que percorre as minhas veias... Leva-me deste mundo no qual não quero mais ficar, tira de mim o vazio, a angústia, compartilha comigo os teus efeitos, bebo-te, fecho lentamente meus olhos e durmo, deixo esta tua sede de mim ser cessada. Mata-me, eu não quero mais viver.

don't you know?

E lá estava eu novamente, paralisada a olhar aquele rosto tão triste e decidido;aquela expressão vazia e sarcástica- que era só o que eu podia enxergar havia um tempo- aquele sorrizo debochado de seus lábios que não se moviam, suas mãos não mais suavam,apenas o estalar de seus dedos eu podia ouvir. Onde estava o meu amor? Aquele amor que eu criei pra mim, eu queria ele de volta. E aqueles olhos não o deixavam nem sequer mentir, eu olhava, olhava cada vez mais fundo, e ali estavam todas as respostas que ele não queria me dar. É claro, a minha insistência não levaria a nada, então eu decidi correr. Correr, correr para um lugar onde nem ele nem as suas feições pudessem me alcançar, tudo que eu precisava era esquecer daqueles olhos. Ah, pare de pensar nesses olhos, sua estúpida! Com tantos motivos para me manter respirando porque o principal dever ser os olhos castanhos deste meu amor? Estes cheios de mistério, cheios de alguma coisa que eu não consigo entender por mais que eu tente. Acho que depois de um tempo que um parasita se aloja dentro do seu corpo,ele ali permanece até que não lhe seja mais conveniente. É, não era mais conveniente para ele ter o meu calor, mas então porque ele continuou aqui dentro? Porque não foi embora junto com todas as minhas lembranças? Existem coisas dentro de mim, coisas que eu jamais conseguirei deixar para trás; medos e angústias, de alguém que precisava de outro alguém, e encontrou apenas sombras. Sombras de um quarto vazio e escuro; e ali permanecerá, nas sombras, até o fim dos dias. V

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

so cold.

peço desculpa aos leitores, fiquei sem postar muito tempo devido às bagunças de final de ano, enfim, postarei com mais frequencia agora. divirtam-se e acompanhem o blog :]



so cold.

Tão frio está agora este meu coração, este que eu insisto em te entregar, que eu destruo cada dia mais com minhas lembranças que a cada segundo me parecem mais fúnebres. Gélida está agora a minha pele, que anseia pelo teu corpo assim como um vampiro anseia por uma gota de sangue. Trêmula é a minha boca ao tentar pronunciar todas as palavras que eu quero e preciso que escutes, mesmo que isso não leve a nada. Aprendi a viver sem a tua constante presença e sem os teus olhos, esses os quais nunca me concedem um olhar sequer; mas eu posso afirmar-te,meu amor, que aprender a viver sem o teu calor não quer dizer que eu queira isso, e muito menos faz que a minha dor e a minha angústia diminuam. Não ter teu corpo aqui, ao meu lado, ah, isso já me é comum; mas ficam sempre as lembranças, lembranças de um ontem que não mais voltará, e a certeza de um amanhã repleto de escuridão. Porque sem a tua presença, eu nada vejo, nada sinto, sou nada sem ti.

So cold, and now it's dark... I look for you to light my heart; I'm between the moon and where you are ? I know it can't be far.