sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O Barril de Amontillado


Conto de Edgar Allan Poe.

Suportei o melhor que pude as mil e uma injúrias de Fortunato; mas quando começou a entrar pelo insulto, jurei vingança. Vós, que tão bem conheceis a natureza da minha índole, não ireis supor que me limitei a ameaçar. Acabaria por vingar-me; isto era ponto definitivamente assente, e a própria determinação com que o decidi afastava toda e qualquer idéia de risco. Devia não só castigar, mas castigar ficando impune. Um agravo não é vingado quando a vingança surpreende o vingador. E fica igualmente por vingar quando o vingador não consegue fazer-se reconhecer como tal àquele que o ofendeu. (...)

-De início,quando li o conto, não entendi e não gostei, mas relendo umas três vezes, eu me surpreendi com a forma que o autor descreve os fatos. Muito bom, recomendo. -

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Hoje.

Senti falta dos teus lábios esta manhã. No momento em que passei pela porta e vi teu rosto,as tuas formas tão perfeitamente esculpidas e o teu olhar ainda mais incerto; a tua voz continua soando forte, e as palavras saem da tua boca com cuidado,sempre certas. Camiseta preta e calça jeans, um cigarro entre os dedos... A única coisa que realmente mudou foi o cabelo, que ficou mais escuro, dando-te uma aparência ainda mais séria, teus traços de homem ainda melhor definidos.
No momento em que eu entrava sorrateiramente pela porta, teu olhar cruzou com o meu; tão rápido como os anteriores e tão sem vida quanto o meu corpo. Foi quando eu decidi sentar para poder te observar de canto; aprendi a prestar atenção em ti sem te olhar, o que é difícil perante a tua beleza, mas é melhor que nada.
Então tu virou as costas, e eu prestando atenção na tua camisa e no teu jeito de andar... falei baixinho,para mim mesma 'até logo,meu amor.' Fiquei ali mais um tempo, perdida entre os murmúrios que me rodeavam, quando decidi me levantar. Saí andando em direção à porta, vi um vulto e olhei para o corredor. Foi quando eu te vi, parei por um instante e tu andavas olhando para mim, minhas pernas não mais se mexiam e o meu estômago reclamava a ansiedade, a visão escureceu e eu tive de perguntar à minha amiga se aquilo realmente tinha acontecido...
-Vejo coisas acontedendo esse ano!,foi o que ela disse.
Mas de ti eu não espero nada, não mesmo.
Tu és imprevisível, e eu tenho medo de te querer ainda mais. O medo é meu maior companheiro em meio às paredes brancas e os sussuros que vem de longe neste lugar.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Pregando Peças.

Teus olhos ainda não saíram da minha cabeça, ficam aqui martelando meu coração junto com o teu sorriso irônico; minha paixão platônica e doentia já não tem sentido algum, e as horas continuam a passar cada vez mais devagar, aumentando a minha solidão.
Acabo de sentir uma pontada no peito, e eu sei que é só o início da noite, e que não vai ser nada fácil ver o sol nascer. Não. Tua presença continuará fazendo parte dos meus sonhos/pesadelos; é tão doloroso ter que te sentir mais uma vez... Eu já havia esquecido do quão dilacerada eu fico quanto o destino decide pregar essas peças em mim. V

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Incertezas.

Por um minuto meus olhos se fecharam e lá estava você, com aquela camisa vermelha que eu amo, só faltava mesmo usar a bermuda amarela daquele dia... Eu te olhei e como se tivesse uma parede invisível na minha frente, simplesmente não pude continuar a andar; meus passos eram bloqueados pelo teu semblante, pelos teus olhos distantes e enigmáticos. Meu corpo, que pegava fogo por causa do calor, em questão de segundos, congelou, congelou por dentro ao perceber que iria em breve sentir teu perfume a tão poucos metros de mim, como eu estava com saudade do teu perfume...
Continuei a andar, atordoada e sem saber para onde olhar, e você continuava vindo em minha direção, no momento em que eu finalmente poderia te abraçar, as pessoas cruzaram o meu caminho e quando pude te olhar denovo, já estavas longe.
Ah, destino... Porque insiste em ser cruel? Eu só queria sentir aquele perfume, e tocar naquele rosto novamente, depois de tanto tempo. Continuei atordoada, andando como se estivesse perdida, tão desorientada quanto uma criança em um playground; aquele shopping tão pequeno jamais me pareceu tão grande, e as escadas pareciam não ter fim. Finalmente cheguei a porta, respirando ofegante e esperando que pudesse esquecer que havia visto aquela imagem tão linda sem poder tocá-la. Minutos depois, enquanto eu estava a me recompor, ali estava ele, saindo, pela mesma porta pela qual eu havia passado menos de dois minutos atrás, desta vez, ele notou meus olhos e eu então pude perceber que as pessoas que antes cruzaram meu caminho foram apenas uma desculpa conveniente que eu inventara para apagar do meu coração todas as vezes as quais seu olhar passou perto e fez questão de desviar.
A realidade se torna difícil quando não somos capazes de inventar essas mentirinhas para nós mesmos, eu sabia, lá no fundo que aquele meu amor não queria me olhar, mas usei as pessoas. Tantas vezes usei desculpas bobas para me privar de sentir o que eu estava tentando evitar a tanto tempo, mas hoje, neste dia quente de verão, eu percebi que não preciso mais disso, que esse olhar que tanto me machuca simplesmente não quer me olhar; e que se meus olhos não forem de encontro aos dele, eu não precisarei sentir novamente tantos calafrios em meio aos 30º que fazem lá fora.
Então ele passou, e novamente eu gelei. De que adianta filosofar tanto se no momento em que os corpos se aproximam não existe nada mais? Apenas incertezas, sempre incertezas.

Longe de você eu enlouqueço muito mais.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Frio.

Os dias são como eternas noites, escuras e gélidas. Quando os olhos se fecham é porque já sabem que não há nada mais para olhar, nenhum motivo para seguir em frente. A bebida acabou e o cigarro queimou restando apenas cinzas, as páginas do livro que eu lia também chegaram ao fim. Tudo sempre chega ao fim.
A solidão tomou conta do meu quarto e as paredes estão mais brancas do que de costume, aumentando minha impaciência. Meus pés batem repetidamente ao chão sem fazer barulho, já não existem forças nem para sorrir. Esperando ansiosamente por algo desconhecido, deito na cama fria e cubro meu corpo até o pescoço; posso ver pelo vão aberto da cortina o sol brilhando radiante lá fora, enquanto as coisas aqui dentro e ao redor permanecem tão mórbidas.
Nem mesmo se as cortinas estivessem escancaradas acenderiam minha escuridão interior, meu corpo já não é capaz de sentir mudança alguma, pois nada restou. Nada restou daqueles olhos risonhos e amigáveis. Agora, tudo é frio; tão frio quanto as manhãs mais geladas de inverno.

"In the night, i hear 'em talk
the coldest story ever told.
Somewhere far along this road she lost his soul...
to a boy so heartless.
how could you be so heartless?"