domingo, 25 de abril de 2010

Chuva, frio, você.

As gotas começam a cair devagar. Frias. O céu que já estava acinzentado vai escurecendo. Aos poucos, tudo o que posso ver é água. Água,água,água. A chuva molha meus cabelos, minhas roupas... Meus olhos, que já estavam molhados, parecem as poças nas quais piso no chão. O dia está frio. A madrugada também foi fria.
Eu precisava de alguém pra me esquentar,mas não um alguém qualquer. Mas o calor do corpo que me agrada é tão frio quanto as gotas da chuva. As mãos são ásperas e as palavras ainda mais.
Chuva, frio, dormir, cobertores, filme, vinho. Um vinho barato, que seja. Um filme ruim, não me importo. Você. Ah, você... E os suspiros vão ficando cada vez mais profundos (e mais ridículos também).
As tempestades de água trazem consigo as minhas tempestades interiores. As lágrimas que derramo ao saber que o inverno vem chegando e ainda não te tenho aqui. Um casaco e uma manta não são o suficiente. Mas a frieza do teu olhar, essa sim. Essa me aquece de uma forma tão surreal que nem eu mesma consigo acreditar. Ah, estupidez.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Foi embora o meu amor...

Olhava pensativa pela janela. O céu estava claro embora fosse noite. A lua cheia brlhava tão bela quanto nunca. Algo dentro de mim sabia que algo bom ia acontecer. Eu estava sentada na minha velha poltrona xadrez, vendo o café esfriar lentamente. Foi quando a porta se abriu.
- Eu já não disse que não te quero mais aqui? - falei.
- Já disse sim. Pode dizer denovo, não importa o que me seja dito. Eu vou continuar voltando para você.- respondeu.
Olhei para ele por um instante. Seus olhos brilhavam, mas não de alegria. Estavam mesmo é cheios de lágrimas. "Que bela cena!", pensei comigo mesma. Demorou, mas aconteceu. E olha que eu nunca acreditei que fosse possível vê-lo aqui, implorando por mim. Pude perceber o quanto suas mãos tremiam. Por um instante eu quis beijá-lo. Mas as lembranças dos beijos agora tinham um gosto amargo. Havia naquela boca antes tão doce, o sabor da traição. Respirei fundo.
-Guarde para si essas palavras furadas! Fale para alguém que esteja interessado em ouvir. - Eu agora respirava mais devagar, indiferente aos olhares melancólicos.
Está certo que por dentro não era exatamente assim que me sentia, mas ele não precisava saber.
-Eu te amo. Todas as coisas erradas que disse estão me matando agora. Antes de te conhecer eu não sabia quem eu era, mas você me ensinou. - agora ele chorava.
-Me poupe de ouvir essas baboseiras de amor. Eu não te ensinei essa melação toda. Não mesmo. Não te quis nem por um instante. -
Eu sabia muito bem que as palavras que saíam da minha boca não passavam de asneiras, mas precisavam ser ditas. Verdade ou não, era aquilo que eu devia falar.
- E todas as vezes que disse que me amava? E tudo o que sempre escreveu? Não pode ter sido tudo uma mentira.
-Não importa o que eu falei. Como você mesmo disse que aconteceria, me arrependi. Me arrependi de dizer que amo um imbecil. Me arrependi, ponto. Vá embora!
Se ele soubesse que não eram reais minhas palavras, não teria saído por aquela porta. Mas ele foi embora, sem dizer nada.
Virou as costas e saiu, sem deixar vestígio algum. Meus batimentos estavam a mil, eu chorava agoniada. Mas não podia ser diferente. Havia aprendido a viver sem ele, e era assim que deveria ser. Sem ele. Eu me acostumaria um dia. Pela janela, assisti ele atravessar a rua.
Do outro lado da calçada , ele olhou para cima. Um caminhão se aproximava. De um instante para o outro, já não estava mais ali. Meus olhos o perderam. Quando pude ver novamente, lá estava ele. Debaixo do caminhão. Morto.
Seu sangue escorria pela rua, o corpo mutilado, assim como eu estava por dentro. Corri. Quando cheguei lá embaixo, já era tarde. Eu sabia que já era tarde. Chorei, chorei como nunca havia chorado antes em minha vida. Uma sensação estranha percorreu meu corpo. Alívio e culpa ao mesmo tempo.
Foi embora o meu amor... e levou consigo tudo de ruim que havia feito para mim.

sábado, 17 de abril de 2010

Desabafo.

Ligo o rádio, deito. Impaciente, pego o livro que está no criado mudo e começo a ler. Página 58, e eu não lembro nem uma palavra sequer do foi lido. Cada vez que tento me afastar, me aproximo mais. É difícil querer terminar coisas que não começaram, está na lista de 'coisas que só eu consigo fazer'.
Levanto. Bocejando, enxo o copo. Limão, sal.. só pode ser uma tequila!
Ah, agora sim. Meu corpo todo está quente. Sedento pelo seu. Tiro o casaco. Como eu queria ter teu corpo aqui, agora. Só o corpo mesmo, porque o resto já não é necessário. Não há nada aí além de beleza. Bem, depois de mais umas doses, sua beleza basta.
Porque as palavras difíceis não levaram a lugar nenhum, os olhares vazios, menos ainda. Tudo sempre foi nada com você. Simplesmente nada. Estranho como as coisas ficaram bagunçadas e ninguém percebeu. Além de mim, é claro.
Parece uma sina. Me livro de um, vou logo para outro -pior ainda-. Ai que raciocínio burro!
Dizem que agente atraí tudo o que pensa. Já tentei não pensar negativo, mas é difícil. Muito difícil. Já sei... que ladainha mais old school. Que blablabla mais manjado. Guardo pra mim, oras. Azar o de quem perde tempo comigo.
Mais uma dose de tequila. Sozinha em casa, tiro a blusa.
Cada vez mais eu desejo o teu corpo junto do meu.
Outra dose. Cinco minutos depois, mais uma.
Tonta, rindo do nada, respiro fundo. Rio mais. Pode dizer que bebi demais, mas sei do que estou rindo. Só podia ser de mim mesma. Da decadência em que me encontro ultimamente - ultilamente é igual à alguns anos-.
E ainda perco tempo me lamentando com o nada. Me lamentando com uma máquina como se estivesse falando com um espelho.
Desligo o som. Deito novamente. Fecho os olhos. Girando.
Eu não quero mais nada, só desejo não acordar. Ao menos não tão cedo, não enquanto tudo continuar assim, tão errado. Tão igual.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinícius de Moraes




quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quem sou eu? - Filosofia.

-Tudo bem? - perguntei, como de costume.
-Não muito...
-Mas porque? O que aconteceu?
-Meus olhos estão com calor...
-Com calor?
-É. Aí eles começam a suar.
-Ah... os meus olhos costumam fazer a mesma coisa, quando suam, choram. Eu choro.
Eu choro... Choro por não poder explicar com palavras, nem gestos, nem músicas quem eu sou. Será que eu não sei? Não acho que tentar me explicar seja válido. Sigo com vontade de demonstrar mais vida, e quando eu digo vida me refiro aos sorrisos, e as lágrimas de alegria que saltavam de mim tantas vezes em meu passado. Será que isso se perdeu? Eu mudei tanto assim?
Mudei. Mudei e continuo a mesma. Nem simples, nem complicada. Nada. Uma mistura de tudo um pouco. Um grande e comprido livro cheio de devaneios, emoções, tragédias e mentiras. E muita, muita alegria.
Mas agora, agora é tudo diferente...
É como se eu estivesse sangrando o tempo todo. invisível, mas a dor continua ali. Uma ferida que não cicatriza, não se cura. Dá um aperto aqui dentro ver que o mundo anda e eu continuo aqui, parada. Sempre fazendo a mesma coisa, pensando na mesma pessoa, chorando as mesmas lágrimas. Não exatamente as mesmas, mas não encontro outra forma de explicar.
Poderia me lamentar por muitas coisas, se eu não me lamentasse não seria eu. Engraçado, é difícil eu ficar feliz. Mas o que é ficar feliz? Será que já fiquei feliz?
-Cala a boca, cabeça oca. Pára de falar tantas besteiras!
-Não calo não, eu preciso sair do chão e dar-lhes esta resposta. Eles querem saber quem eu sou.
(Bocejos)
-O que eles querem não importa. Concentre-se em você, ao menos uma vez na vida. Faça isso por você, por nós... e não pelos outros.
-Eu o faria, se calasse a boca.
Essa vozinha irritante dentro de mim persegue. Mas confesso, fico tão monótona sem ela... Às vezes eu queria arrancá-la de mim, mas quem me ajudaria a responder suas perguntas?
Paro para conversar comigo mesma e me esqueço de responder-lhe. Certo, voltarei a tentar.
Tenho olhos castanhos....
-Não esqueça, não se descreva fisicamente. Isso não vai adiantar nada.
-Eu já sei... Mas não fale e me deixe tentar sozinha!
Essa voz não se cala nunca, argh.
Tenho olhos castanhos, na verdade o que importa é que tenho olhos. E olhares. Muitos olhares. E eles dizem muito, muito mesmo quem eu sou. Se com palavras eu não consigo explicar, com olhares sim. Os olhos são a parte mais importante de mim. Expressões faciais, gestos e derivados; consigo inibir a todos, mas não ao meu olhar.
Me entender é tão complicado quanto explicar. Gostaria de me atirar sem medo a qualquer coisa que me aparecesse. Já perdi muito por não tentar. Mas perdi mais ainda tentando.
Não gosto de generalizar, mas sei que o faço sem perceber. Não sou difícil, nem fácil. Só um tanto bagunçada. É preciso ler nas entrelinhas de meus olhos, eles muito lhe dirão. Paro de roubar-lhe o tempo com algumas palavras de um livro que trás em si muito de mim e de quem eu sou. Só para dar fim ao clichê e às minhas asneiras.

"(...) desistiu de qualquer esforço para melhorar. Consequentemente, o aspecto físico tornou-se o espelho de sua degradação mental: adotou um comportamento desleixado e uma aparência ignóbil; o seu mau humor natural deu origem a um excesso, quase demente, de insociabilidade, sentindo, por isso, um prazer mórbido em despertar a aversão (e não a simpatia) dos poucos que a rodeiam(...)" - O Morro dos Ventos Uivantes.-

Aí está, fiz o máximo que pude para fazer-lhes entender quem sou eu. Tenho certeza de que não entenderam nada. Mas vão entender, um dia.

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Parte do que esta aí já foi escrito em 'The only exception', é um texto que fiz para a aula de Filosofia.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Quando a morte chama.

Lúcia mudou-se para o 12º andar.A princípio estranhou o sossego, era a única moradora do prédio, então o silêcio era absoluto. Ela se perguntava então porque se mudar para um lugar tão alto. Ria sozinha. O apartamento ainda estava meio empoeirado. As janelas e cortinas todas fechadas e a escuridão tomando conta do local. Com dificuldade, começou a carregar suas coisas para dentro. Seu porte físico não lhe ajudava muito. Cabelos loiros, 1.65 de altura, e no máximo 50 quilos. Era uma mulher bonita, apesar do sofrimento que antecedera sua história. Depois de passar horas arrumando o lugar, o cômodo parecia habitável. Já cansada, entusiasmada e inquieta , foi deitar-se. Fez sua oração e então adormeceu.
Os sonhos eram azuis e belos, até ouvir-se o som da campainha. Achou estranho, afinal, era o 12º andar de um prédio habitado apenas por ela. Mesmo assim, levantou-se para atender. Ao abrir a porta, nada. Olhou para um lado e para o outro, já com medo. Nada. Fechou a porta. Ao olhar às suas costas, uma menina. Pequena e pálida. Os cabelos negros bagunçados cobriam-lhe o rosto. Estava ali sentada, suja e imóvel no sofá vermelho de sua sala. Apavorada e sem saber o que fazer, perguntou:
- Quem é você? O que faz aqui? Como conseguiu entrar?
- Entrei pela porta. - Respondeu a pequena sem lhe olhar nos olhos .
A moça. que mal respirava, em um piscar de olhos ja não viu mais a garota. Lúcia olhou para os quatros cantos da sala. Nada, a garota havia realmente desaparecido . Foi ate a cozinha , abriu a geladeira, pegou um copo d'agua e ao se virar surge novamente a pequena, que por sua vez estava olhando diretamente dentro de seus olhos, vermelhos e ensanguentados.
O copo caiu, e quebrou. Derrubando o líquido que ali estava.
O telefone toca. Ela se acorda.
-Pronto.
-Ela morreu, Lúcia. E seu último desejo foi viver para sempre ao seu lado.
Era da sua irmã mais nova que a moça ao telefone falava. E agora ela ficaria sim ao seu lado, mesmo sem querer.
Um frio percorreu o corpo de Lúcia, que derrubou o telefone no chão sem perceber. A menina estava agora no reflexo da janela que dava para a sacada. Afastando-se lentamente. Lúcia correu, abriu as janelas. Quando não pode ver mais o reflexo da menina, pulou.
Em cima da mesa, apenas um bilhete foi deixado: 'Ela foi embora, e quis me levar junto. Eu não podia deixá-la sozinha'


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Deixo bem claro que a idéia inicial desta história e muitos dos fatos nela descrito são de autoria do João Gabriel.

domingo, 4 de abril de 2010

Vulnerable.

Lembro exatamente daquela noite. Dia frio, olhos vermelhos de sono, uma xícara de chá de maçã. Você. Fazia um bom tempo que não nos falávamos, sempre tive muita vergonha. Criei coragem, finalmente. Iniciar uma conversa-mesmo não sendo olho no olho- me deixava ainda mais insegura. Eu olhava para a tela esperando para poder digitar de volta qualquer resposta inútil, mesmo que fosse uma carinha apenas.
Sempre achei esse negócio de messenger e qualquer outra rede social meio desnecessária. Ficar sentada horas olhando para uma tela nunca foi meu passa tempo favorito. Mas era a única forma que eu tinha de falar com certas pessoas. Mesmo o contato olho no olho - que se restringia a isso,pessoalmente- não era o suficiente para dizer todas as coisas que eu queria. Acho que com a idade que eu tinha nem mesmo eu sabia o que queria dizer. Não que eu saiba demais agora, mas pela lógica numéria, devo ter evoluído.
Olhos verdes e cabelos loiros. Quando volto no tempo e me imagino sonhando com aquilo eu percebo que era tudo meio clichê. Perfeito demais para um ser só. Como me disseram tantas vezes 'é areia demais pro teu caminhãozinho,querida'. Realmente. Me deixei encantar por um rosto tão lindo -devo acrescentar que continua lindo,para minha desgraça emocional- mas perdeu seu encanto, para mim, é claro.
Voltando aquele dia de inverno... Falei algumas palavras bobas e iniciei uma conversa sobre música. Eram muitas as coisas nas quais nos parecíamos- hoje percebo que isso também era apenas por acaso-, mas a música era o principal. Aceitei então a transferência de 'Vulnerable', da banda Secondhand Serenade, para ser mais exata. Começava com um solinho de violão, calma... A voz do vocalista foi começando a surgir, a ganhar vida. E a letra, ah, a letra. Maldita letra tão bela...
"And your slowly shaking finger tips show that you're scared like me so let's pretend we're alone. And I know you're maybe scared,and I know we're unprepared but I don't car.Tell me, tell me what makes you think that you are invincible? I can see it in your eyes that you're so sure.Please don't tell me that I am the only one not vulnerable,impossible..."
E aí eu me encantei. Sempre boba, sempre infantil. Cheguei até a imaginar que o loiro tinha mandado por algum motivo especial. Hoje eu percebo que era apenas uma música. Uma bela música, por sinal.

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Post bobo, mas é uma lembrança tão boa que eu não podia deixar de escrever.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Café preto.

Queria mais uma vez sentir o gosto daqueles lábios tão sedentos por calor. Ouvir aquela voz sussurando no meu ouvindo as coisas mais sem sentido possíveis.
Acordei cedo naquela manhã. Ao olhar para o lado, vi que ele ainda dormia ali. Sua respiração estava profunda, como se estivesse suspirando calmamente. Sua cabeça estava deitada no travesseiro tão suavemente colocada, que eu podia imaginar que daquela expressão vinham sonhos lindos.
Naquela época, eu morava em um pequeno apartamento. Apenas cozinha, banheiro e um pequeno quarto. As paredes eram brancas e os móveis semi-novos. Nada muito caro, mas as coisas não estavam definhando como antigamente. A cama era pequena, mas cabiam duas pessoas. Ele não era muito grande, um pouco maior que eu, apenas.
Eu estava-o fitando desde o momento em que acordei, já faziam umas duas horas, eu acho. Foi acordando, sonolento. Repousou seu braço esquero ao redor do meu pescoço, sorriu. Acariciou meu rosto. Seus dedos passaram delicadamente por cada traço. Mexia em meus cabelos negros. Eu gostava de sentir suas mãos frias na minha pele. Resolveu se levantar. Eu já sabia o que estava por vir e pensei comigo mesma 'denovo não.'
-Já vai? - perguntei.
-Claro! Já são quase dez da manhã loca.
-Fica e toma café comigo. - pedi, choramingando.
-Já fiquei aqui tempo demais, até mais do que eu deveria. O que mais você quer de mim?- ele acendeu um cigarro.
-Você sabe muito bem o que eu quero. - respondi, baixinho.
-Eu nunca vou ser essa pessoa que você quer que eu seja, nem vou conseguir te dar o que quer.- Fechou o zíper da calça, colocou a camiseta e saiu pela porta, sem fechá-la direito.
Fui até ela, tranquei. Fiz meu café preto e sentei em uma cadeira que ficava perto da janela. Vi-o partindo, atravessando a rua. Mais uma vez.
Percebeu também a diferença? Como ele fica rude quando falo o que ele quer - ou não - ouvir? Não é a primeira vez que ele sai correndo por esta porta depois de ouvir que eu o amo. Ao menos hoje não a bateu, nem levantou demais a voz. Meus ouvidos agradecem.
Quando cobro o mínimo de amor, que não seja carnal, termino assim: Tomando um café. Mas sabe que eu até prefiro assim do que como era antes. Ao menos à noite ele é meu, um pouco meu. Prefiro vê-lo ao meu lado ao acordar, a não poder olhar naqueles olhos castanhos. Mesmo sabendo que sempre vou ter que vê-lo sair logo em seguida.