sábado, 24 de setembro de 2011

Ainda sei sonhar.

Saiu correndo pela estrada e não quis olhar pra trás. Sentia seus cabelos voando, seus olhos gelados por causa do vento. Suas mãos suadas pela impaciencia. Queria que a terra parasse. Que o relógio voltasse. Sonhava com tempos onde as borboletas pudessem voar pelos jardins floridos com liberdade, que os pássaros pudessem cantar fora das gaiolas enferrujadas. Que os cães e gatos perseguissem um ao outro sem serem atingidos por pedras perdidas. Queria que a raça humana fosse de fato humana.

Sempre foi uma garota sonhadora. Gostava de ler antigos romances, viajar para longe ao som dos Beatles e olhar para as estrelas deitada na grama em dias de verão. As pessoas a olhavam como se ela fosse de algum outro planeta. Só porque ela tinha mania de falar sozinha e apontar para o céu como se alguém a estivesse ouvindo. E todos riam, caçoavam, deixavam ela de lado, sem chance alguma de aproximação.

As vezes ela chorava. Sentava em algum canto qualquer e deixava que a raiva fosse embora com o suor dos olhos. E as pessoas continuavam rindo. E a menina continuava sonhando. Ela não se importava nem um pouco em ser assim. Preferia se perder em suas ilusões do que ser enganada por outros.

Percebeu com o tempo que as pessoas gostam de enganar. Enganam a si mesmas e fingem que está tudo bem. E por isso ela saiu correndo por aquela estrada naquela manhã. Correu até que suas pernas não pudessem mais aguentar. Respirava fundo e sentia-se frustrada por não ter encontrado o lugar que esperava. Ela não encontrou nenhum animal livre e ninguém da raça humana que fizesse jus ao nome. E como poderia? Tinha corrido apenas até a cidade vizinha...

Poderia ter corrido milhas e milhas e não encontraria um lugar diferente. Percebeu isso quando alguém lhe empurrou na calçada, andando com pressa. Então tirou seus sapatos e voltou a correr para o lugar de onde tinha vindo. Sabia que lá encontraria ao menos o mundo que ela tinha construido para si. Seus livros, suas sombras, suas estrelas.

Ao menos uma coisa era certa para ela: sonhar nunca foi pecado. (mesmo que as pessoas a condenem por isso até hoje!)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Reflexão.

Os pés descalços tocam a terra úmida. A grama verde, marcando o início de uma estação repleta de cores. Olho para dentro de mim e não consigo enxergar essas cores. E eu me pergunto quando é que vou me reerguer?
Talvez as coisas estejam exatamente como tem que estar. Talvez elas estejam mesmo é girando fora de órbita e eu precise dar um tempo infinito deste mundo real e cansativo. Só sei que ser feliz é uma terefa difícil, e nenhum de nós deveria se preocupar em executá-la. É foda, sabe? Com o perdão da expressão, eu me canso de tentar satisfazer a tudo, a todos e principalmente a mim.

As pessoas não sabem mais o sentido da expressão "deixa rolar". Gostaria tanto que soubessem...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Universo Paralelo

Este texto é de autoria de um dos maiores escritores que eu conheço, o Daniel Haas. Eu me identifico muito com o que ele escreve, e vocês?


- Você queria me ver?

- Ahn. Sim. Disseram-me que você não anda muito bem. Queria saber como você está.

- Estou muito bem. Mas de qualquer forma isso não diz respeito a você. Não mais.

- É que desde que falaram isso para mim não paro de pensar em você. Sinto-me responsável por tudo, enfim. Estava preocupado.

- Estava é. Você brincou comigo, me quebrou em mil pedaços. Agora está preocupado.

- Eu estive confuso. Queria achar explicação para o que eu sentia. Eu sei que menti muito, mas eu mentia pra mim também, e você não sabe como isso é ruim. Sabe, continuo confuso, mas está tudo diferente agora. Estou mais tranqüilo, mais contente, porque entendo o que preciso. Não quero mais saber todas as respostas, não sou mais criança para isso.

- E você acha que mudando assim é que eu vou te perdoar? Você usa palavras gastas. Não é a primeira vez que ouço isso.

- Mas eu não tento ser original, afinal, quais são as palavras que nunca são ditas? Mas de qualquer forma, eu já não me importo mais com que os outros pensam; vejo as coisas do meu jeito e eu sei que você sabe, de certa forma, que vemos as coisas parecidas.



Você pode ler este e muito mais em: Universo Paralelo

Aproveitem a leitura! Eu leio e recomendo.


Já não me preocupo se eu não sei por que.
Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você.


(Legião Urbana - Quase sem querer)

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Perder-se também é um caminho.

Ao ver os olhos castanho-esverdeados no espelho percebeu as marcas de expressão que rodeavam seu rosto. A idade continua a mesma de alguns dias atrás, dias em que essas marcas não estavam ali presentes. O que envelheceu mesmo foi a alma. Ela abandona aos poucos as pessoas que perdem a vontade de viver. E foi o que aconteceu... A vontade de respirar foi embora, o brilho em seus olhos também. São lembranças agora. A vida inteira viveu em ilusão. E ela se perdeu em sonhos jamais realizados. Mas ainda acredita na velha frase clichê: "Perder-se também é um caminho". É.