quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Gotas.

Ouço o barulho que vem da janela... - Quem está aí?, largo a xícara que estava em minha mão e afasto a cortina. Nada. De repente, vejo algumas gotas caírem no vidro, deixando-o repleto de pontinhos incolores, refletindo nelas infinitas vezes minha imagem.
E que desgosto ao observar com atenção... Foi pra isso mesmo que tanto lutei? Para olhar as gotas da chuva em uma noite de verão totalmente sozinha? Tudo bem, os dias tem sido difíceis. Mas será essa a única desculpa que eu vou usar pelo resto de meus dias?
A expressão cansada, as olheiras que ocupam quase que a face inteira. Os olhos caídos e o corpo curvado. Que decepção. Que falta de amor próprio. O reflexo das gotas gritam com vontade: "Ergue esse rosto, menina! Coloca um pouco de animo nesse corpo!" e eu, que sempre tive uma desculpa na ponta da língua, me calei.
Por apenas alguns segundos observei a mim mesma e pensei alto: "É AGORA OU NUNCA!". E saí porta a fora. Abracei com vontade a água que caía torrencialmente do céu. Deitei na grama molhada, cheia de lama. Olhei para o céu azul escuro, chorando lágrimas imperceptíveis. Aí, lembrei de um certo alguém. No mesmo instante, abri um sorriso infinito.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Amanhecer.

Me conte o que você vê ao acordar... Vê o sol através da janela, cegando seus olhos cansados? Vê a neblina consumindo os dias frios, embaçando os vidros? Percebe como as estações vêm e vão, e eu só vejo você? Só tenho olhos para lembranças daquele sorriso de algodão doce.
Lembro coisas que nem deveria lembrar. Os gestos mais simples que deixava passar sem pena alguma. Agora eu sinto falta. Sinto falta do olhar sincero, das carícias em exagero, dos braços aconchegantes, da cama apertada. Tudo o que resta são lembranças.
E elas aparecem nos lugares mais inusitados. Aparecem nas músicas ruins, em um carro que atravessa a rua, ao andar sozinha pela calçada. Onde está você agora? Você prometeu que ia ficar...
E ao amanhecer desses dias que se arrastam, eu desejo poder voltar aqueles poucos instantes em que sentia seus braços rodeando os meus. As semanas vão passar e outras estações virão, mas eu continuarei aqui, perdida em palavras que não fazem sentido nem mesmo para mim.