quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Desejo.

Desejo deitar a cabeça no travesseiro e não lembrar. Desejo olhar para trás e ver só as coisas boas. Desejo que a agonia infinita cesse em meu peito. Acordar e dormir de cabeça fria, com os pensamentos em dia. Desejo não precisar pensar. Desejo ouvir as músicas e não lembrar ou associar a alguém. Sentar no banco da praça e tomar um sorvete comigo mesma. Dividir a cama de solteiro apenas com a gata sem sentir falta do aperto.
As vezes desejo até que nunca tivesse existido. Se voltar no tempo fosse possível, arrancaria de dentro de mim as alegrias e não me permitiria ter sido tão feliz para que as coisas fossem levadas embora com o tempo, por uma noite apenas. Desejo esquecer que um dia abri mão da minha felicidade pela sua. Desejo nunca mais ter que lembrar.
Mas eu lembro. Todos os dias. Incansavelmente. Lembro como se esse momento estivesse acontecendo de novo e de novo. Lembro da raiva, da dor, da sensação de que a dedicação nunca foi o suficiente. Lembro também das mentiras. “Quem mente não olha nos olhos”, lembra? Eu lembro. E eu que achava que os olhos nunca mentiam...

Desejo que você morra aqui dentro. Desejo que fique enterrado a sete palmos dos meus pensamentos. Desejo que tenha bons sonhos. Mas apenas por essa noite, por favor... Fique longe dos meus.