terça-feira, 15 de setembro de 2020

O corpo 100%

Há um tempo atrás, me deparei com uma publicação no Instagram que me causou muito incômodo. Era a postagem de um fotógrafo fazendo propaganda do seu trabalho dizendo que "você não precisa estar com um corpo 100% para fazer um ensaio, aqui temos photoshop para te deixar igual às famosas das revistas". A foto da propaganda era, obviamente, de uma mulher magra (muito bonita por sinal). Porém, fiquei me questionando sobre essa concepção de "Corpo 100%".

O que é, afinal, um Corpo 100%?

É comum nos depararmos com propagandas e publicações que trazem essa ideia de corpo perfeito representado sempre da mesma forma: um corpo magro, sem curvas, com muito photoshop. Isso me incomoda profundamente, pois por muitos anos eu olhei para o meu corpo pensando que não estava nem perto do que parecia ser um Corpo 100%. A imagem que foi sendo construída dentro de mim como ideal de beleza parecia cada dia mais distante do que eu via na tela. E por muito tempo eu quis esconder quem eu era, por vergonha de olhar para o meu corpo e saber que ele não era 100%. 

Ao longo do tempo isso mudou. Tudo o que eu acreditava mudou. Minha percepção sobre mim mesma e sobre o valor que meu corpo tem também mudaram. O que é o Corpo 100% para mim hoje em dia? É o corpo que me permite andar, respirar, estar com meus amigos, me exercitar, dançar, conhecer coisas novas... é corpo que dorme e acorda comigo todos os dias e me permite viver! Antes eu apenas existia. E sabe... viver é bom demais! Desamarrar nós e se libertar dos medos que te impedem de aproveitar esse corpo (o seu corpo mesmo, do jeito que ele for) é um passo muito grande para descobrir o mundo. Meu corpo é 100%. Meu corpo importa. Não tem nada de errado com ele por não estar dentro do padrão. O que está errado é a gente se sentir sufocado para atingir objetivos que nem sempre são nossos, só para poder um dia, quem sabe, atender às expectativas do fotógrafo do "Corpo 100%" e poder fazer parte das pessoas que podem ser fotografadas sem serem modificadas pelo photoshop.  

Não dá mais para falar em beleza, em aceitação e em auto cuidado sem representatividade. É preciso virar a chave, ou como diz aquele seu amigo coach: "é preciso mudar o mindset". Já passou da hora de ver nos anúncios, nas revistas e na televisão pessoas com corpos reais (de todas as cores e tamanhos) para que a gente consiga se olhar no espelho e entender que... tá tudo bem com a gente. 

Eu tô cansada de me pegar triste com isso. Tô cansada de lembrar minhas amigas que elas são lindas do jeito que elas são. Cansada de estar cansada sozinha. Mas ao mesmo tempo, tenho esperança de que cada palavra de conforto que sai da minha boca para as pessoas que me rodeiam tenha um efeito positivo em suas vidas, para que mais ninguém precise se olhar no espelho e calcular quanto % do seu corpo tem valor. Não podemos mais deixar as pessoas definirem a ele pela sua forma, pelas suas curvas, pelo seu tamanho. O nosso corpo é nossa casa. Não é um número. 

Abraços e até a próxima :) 

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Sobre o corpo alheio.

Há dias venho lendo publicações de diversas pessoas associando o movimento body positive com o incentivo à obesidade e isso tem me deixado bastante incomodada. Não sei se consigo expressar em palavras escritas quanto isso me deixa triste e cansada. A questão é que as pessoas distorcem um conceito tecendo críticas que muito lhes convém simplesmente por não fazerem uma pesquisa rápida sobre o assunto, ou pior ainda, por não terem o menor interesse em rever seus posicionamentos.
Para quem ainda não conhece, o movimento body positive (ou corpo livre) vem com a ideia de que, independende do seu estereótipo, as pessoas têm o direito de amar e aceitar o seu corpo do jeito que ele é. Veja bem... a palavra direito foi utilizada aqui por um motivo: não é uma obrigação, não é uma regra, não é um incentivo a ficar do jeito que está. Mas é sim um "tudo bem você ter o corpo que tem, pois você não é obrigada(o) a ser igual a ninguém". Por que isso é importante? 
Pois ao longo da vida, somos incentivados a estar insatisfeitos com nosso corpo caso ele não atenda ao padrão estético (que acredito não ser nem necessário frizar qual é). Se você acha que isso não existe, te desafio a encontrar uma pessoa que nunca tenha se olhado no espelho e pensado em mudar alguma parte do seu corpo simplesmente por não se parecer com aquela pessoa famosa que parece perfeita. Também desafio você a encontrar uma pessoa que nunca tenha sofrido body shaming - explicando muito superficialmente (isso será abordado em outro momento por aqui), o body shaming acontece quando o corpo de uma pessoa é apontado por outros em forma de piada ou reprovação, fazendo com que a pessoa sinta vergonha dela mesma. É difícil, né? 
Por isso, é importantíssimo que comecemos a fazer o movimento reverso. Ao invés de apontar o que você acha que está ruim, aponte o que você gosta nas pessoas (mas por favor, "bonita de rosto" não, tá?). Ou faça ainda melhor, não aponte nada. O movimento body positive é importante pois trouxe visibilidade e relevância para todos os tipos de corpos. Mas é motivo da insatisfação de muita gente pois foi dele que começaram a surgir pessoas que antes viviam escondidas: as pessoas gordas. E isso incomoda. Incomoda tanto que, mais do que nunca, os fiscais de saúde alheia aparecem com listas e listas de informações da OMS, do médico X, da nutricionista Y tentanto te dizer porque ser gordo é ruim, doentio e errado. Se as informações estão certas ou erradas não importa, o que importa é que: não é sobre isso, ninguém pediu sua opinião. 
É sobre finalmente, independente de qualquer outra coisa, se olhar e não se sentir diminuído pelo corpo que você tem. É se sentir representado pelas pessoas com corpos semelhantes aos seus que finalmente começaram a aparecer na sua timeline. Não existe a discussão do que é saudável ou não pois a saúde alheia: não é de interesse público. E convenhamos que um idiota aleatório dizer que "se preocupa com a sua saúde" sendo que nem te conhece é o retrato perfeito da pessoa que simplesmente não aceita o que está vendo: uma pessoa gorda se amando. 
É difícil desconstruir esses conceitos de perfeição. E quem mais deveria fazer isso provavalmente nem vai ler até aqui (ou nem vai abrir o link). Mas de qualquer forma, deixo aqui minha reflexão. Vale a pena repensar alguns conceitos as vezes, né?

Um beijo e até a próxima :)

domingo, 28 de junho de 2020

O corpo ideal.

Precisamos normalizar a palavra "GORDA". 
Não é de hoje que nos deparamos em mídias sociais com a ode ao corpo perfeito. Muito antes de existirem redes como Facebook e Instagram, o retrato da aparência ideal já era refletido em revistas e na televisão. É comum conversar com mulheres e ouvir seus relatos de como elas lutam para fazer de seu corpo um lugar mais confortável para se viver, e o confortável, em geral, é sempre o mesmo: magra. Crescemos com a ideia de que é preciso estar magra para estar bonita e saudável. Mas esquecemos de todos os problemas psicológicos e de saúde que essa busca pela perfeição inatingível causa nas mulheres. 
Esquecemos de discutir a quantidade de dietas restritivas que adoecem corpos normais. Nos atemos a olhar o corpo magro e entendê-lo como um corpo saudável. Também esquecemos de nos questionar se nosso descontentamento realmente vem da gente ou se faz parte dessa pressão sofrida ao longo da vida para ser bonita e saudável (quando na verdade isso quer dizer apenas: magra). As mídias sociais transformaram o corpo feminino em um produto ainda mais tóxico. Agora, toda blogueira fitness do Instagram indica chás, dietas milagrosas e o treino perfeito para sua perda de peso. Esquecemos então de refletir sobre o quanto magreza não é sinônimo de saúde (nem física e muito menos emocional), e passamos a correr atrás dessa perfeição de forma ainda mais fervorosa. 

Que nosso corpo foi transformado em produto nunca foi novidade. Mas essa ode ao corpo perfeito, se dependesse de mim, estaria com os dias contados. 

Em contrapartida, as redes sociais também trazem atualmente movimentos contrários, que nos permitem perceber nosso corpo como algo lindo e único. Quando descobri esse espaço e deixei de lado a frustração de não ser perfeita (aos olhos dos outros), tudo mudou. Que mulher gorda nunca ouviu os comentários "você é linda de rosto", "se você emagrecesse um pouquinho...", "ah, mas você não é gorda, é cheinha"? Aqui volto a dizer: precisamos normalizar a palavra gorda. Precisamos entender que ser gorda não é feio, não é horrível e muito menos doente. Ser gorda é uma característica física, assim como ser magro, alto, baixo... Enquanto essa palavra for utilizada nas mídias como forma de diminuir o outro, não daremos o passo necessário para a prática do auto amor. 
Também é preciso que esses comentários não sejam mais vistos como normais. As pessoas tem que entender que o nosso corpo não é utilidade pública. Ninguém precisa achar ou deixar de achar nada sobre ele, independente do tamanho que vestirmos.

Essa história de preocupação com a saúde não cola mais. As pessoas não estão preocupadas com a sua saúde, elas olham para o seu corpo e sentem algum tipo bizarro de pena por você viver em um corpo no qual elas não aguentariam viver nem mesmo por um dia. E isso é péssimo, e eu é que tenho pena desss pessoas. É por isso que precisamos normalizar a palavra "GORDA". Para que nós, mulheres gordas, possamos escutá-la não com medo, mas com naturalidade, sabendo que não tem nada de errado em ser como somos. 
Se você não se sente bem e deseja mudança, também não tem problema. Mas é bom refletir os motivos desse desejo. E é bom também lembrar que a gente precisa, antes de tudo, se amar para poder mudar o que a gente gostaria em nós mesmas. As mudanças saudáveis não vem da raiva. Elas vêm do amor. <3

Até logo :)


terça-feira, 23 de junho de 2020

Sobre a solidão da mulher gorda.

Primeiramente, gostaria de deixar claro que não pretendo com essa publicação diminuir as vivências de outras mulheres com seus corpos. Falo aqui da minha experiência pessoal: mulher, gorda, branca, heterossexual. Esse leque é muito maior e tenho plena consciência disso. 

A verdade é que a mulher gorda é solitária. Ela passa a infância sendo punida pela família, que a lembra diariamente que há algo errado com ela. Na escola, os coleguinhas fazem piadas que marcam o resto da vida. Mas acredito que a adolescência seja o processo mais cruel de todos. É nessa fase que descobrimos os primeiros amores, os primeiros beijos... Para a mulher gorda, também é esse o momento da vida em que se percebe a rejeição. 
Foi nessa época que entendi a diferença que o mundo tem para quem vive em um corpo considerado dentro do padrão. Percebi, já adulta, o quanto as mulheres gordas são sozinhas. Foi depois das primeiras experiências em lugares públicos como festas ou reuniões de amigos, mais ou menos aos 15 anos, que o ódio que eu sentia por mim mesma foi crescendo, fazendo com que eu me isolasse de qualquer grupo social que eu poderia ter. Sempre tive grupos de amigos, mas quando chegava o momento de botar o pé para fora e descobrir o mundo e as experiências dos 15 anos, dava um passo para trás. 
Troquei de escola, conheci novos amigos, melhorei muito a vivência em grupos. Mas o sentimento de vergonha nunca foi embora. Doeu perceber como não havia nesses grupos possibilidades de flerte, beijo na boca ou até mesmo sexo (a não ser que ninguém soubesse, né?). De todas as vivências que tive, posso afirmar com propriedade que a mulher gorda é a amigona do rolê, a engraçada, a parceira de todos. Mas dificilmente ela é vista como uma parceira para a vida, ficante ou namorada. A gente também acaba por vestir um escudo que dificulta ainda mais a aproximação daqueles que se interessam de alguma forma, pois as primeiras experiências deixam marcadas na gente aquele sentimento de insuficiência. 
Ao longo da vida, aprendi a lidar de alguma forma com essas rejeições e transformá-las em aprendizado para modelos de relacionamento que nunca mais vou repetir. Sabe o que eu escuto? 
"Laura, tu é muito exigente!". 
Mulheres (que habitam qualquer corpo): não é muita exigência pedir respeito. Não é muita exigência esperar o mínimo. Não é muita exigência não se permitir estar em relacionamentos medianos. Todas merecemos o melhor. Independente do corpo que nos carrega. 

Não faz muito tempo desde a minha última péssima experiência de baixa guarda. É difícil quando a gente revisa tudo o que aconteceu e percebe que aquele cara, o legalzão do role, o descontruído que jamais iria deixar de te olhar por ser gorda... Bem, nada novo sob o sol. E dói quando você se dá conta de que sim, a sua aparência conta como ponto definitivo, pois se você tivesse outro estereótipo o fim da história seria diferente, e você sabe bem disso. Afinal: se você é inteligente, uma amiga sensacional, uma pessoa maravilhosa.. qual pode ser o problema?

Todo mundo vai negar e vai dizer que não é assim.
Mas é. 
E eu tenho uma notícia pra você que tá lendo e achando um abusrdo: você provavelmente já fez isso também, mesmo que inconscientemente. 

Mas também tenho um conselho bom pra você, mulher gorda: Já se passaram alguns anos, como já disse nos textos anteriores, que tenho trabalhado as questões do meu corpo comigo mesma. Infelizmente, por mais que o sentimento seja de evolução, é normal nos colocarmos em situações que nos façam confrontar e questionar todo o processo de aceitação. O que a gente não pode é deixar esse sentimento de derrota ser predominante. Também não podemos pensar em nós mesmas como menos merecedoras do amor. Não podemos nos contentar com migalhas. 
No livro "As vangatens de ser invisível", me deparei com a seuginte frase: Cada um tem o amor que acha que merece. E ela mudou minha vida. Ninguém esta fazendo um favor ao te amar. A gente merece sempre, em qualquer tipo de relacionamento, o melhor! 
Toda vez que você se sentir insuficiente, lembre-se de todas as coisas boas que você já fez por você mesma. Arrume o cabelo, vista uma roupa incrível. Lembre-se principalmente de que não é um relacionamento ou uma experiência ruim que te definem, Você é muito mais que isso. Coisas boas e pessoas maravilhosas estão por vir. As vezes a gente precisa se desprender das nossas próprias amarras para encontrar o caminho e as pessoas certas, que irão endenter e respeitar todas as vivências ruins, abrindo espaço para outras milhares de lembranças espetaculares. 

Um beijo e até a próxima :)





segunda-feira, 15 de junho de 2020

G O R D A

Não conheci até hoje uma mulher que não tenha crescido com medo dessa palavra. Também não conheci uma que nunca tenha sido associada a ela de forma positiva. Por ter sido gorda a maior parte da minha vida, sempre tive medo que me olhassem e me enxergassem como uma pessoa gorda.
A forma como eu descobri que era gorda foi engraçada: uma colega na escola cutucou minha barriga e falou "Nossa, como tu tem barriga!". Para mim, até esse dia, eu não tinha noção de que a minha barriga poderia me tornar feia. Mas o problema maior sobre essa descoberta é que: com 13 anos, eu não era gorda. Só não era magra como as outras colegas da escola. Esse dia foi definitivo para que eu começasse a me enxergar de outra forma. Comecei a perceber a barriga, as curvas, os seios crescendo... E essas percepções deram início a todas as coisas que vieram pela frente. Nunca mais me olhei no espelho de forma positiva, pois tinha descoberto que ser gorda era feio. Logo, eu era feia.
É louco, né? Como uma palavra tão pequena pode tomar proporções tão grandes na nossa vida. Desde esse dia eu comecei a me esconder. Usar roupas maiores para disfarçar a barriga, vestir preto por saber que "preto emagrece", andar de barriga encolhida para que não vissem minha gordura, usar calça e blusa de manga longa na praia... 
Esse momento também me fez prestar atenção em tantos outros comentários relacionados ao peso. Percebi o quanto minhas amigas magras riam e caçoavam de outras meninas e a palavra principal para magoar a inimiga era: GORDA. O fato de ter ao meu redor apenas pessoas magras também fez com que eu me isolasse de um mundo que eu nem queria me isolar: aos quinze anos, não gostava de ir para festas. Sabia que minhas amigas iam ficar com alguém e que eu ficaria olhando. Parei de sair. 
Levou muito tempo (muito tempo mesmo) para que eu percebesse o quanto a palavra Gorda tinha sido o motivo de tantas coisas ruins que senti quando era adolescente. Só consegui perceber isso adulta. E isso foi, e ainda é, extremamente doloroso. 
Porém, acho que é muito mais doloroso perceber quem te cerca como a âncora que não te apoia, mas que te afunda. Foi muito difícil o início do processo de me aceitar gorda pois a primeira coisa que me vi obrigada a fazer foi me afastar de pessoas e grupos que não só não me representavam, mas que também me colocavam ainda mais para baixo. Essas pessoas não tem culpa do que eu sentia. A ode ao corpo magro está enraizada de uma forma tão profunda que é muito difícil que as pessoas consigam entender que o corpo da revista, da atriz da novela e da blogueira fitness não existe.
Passei a buscar outras pessoas que entendessem tudo o que eu sentia em relação a mim mesma, consegui criar uma pequena rede de apoio com outras mulheres gordas que simplesmente: entendiam tudo o que eu estava falando. E isso foi, e continua sendo: transformador. 

A gente não tem que ter medo de ser gorda. A gente não pode deixar nossas amigas reproduzirem nenhum tipo de palavra que faça qualquer outra pessoa sentir vergonha de qualquer característica do seu corpo. O que temos que fazer é nos reeducar. Reeducar quem nos cerca. Pensar e repensar comportamentos que podem até ser naturalizados, mas não deveriam. Quem passa pelo meu caminho vai ter que entender que isso não é certo. E a pessoa que não estiver disposta a refletir sobre isso não é mais bem vinda.
Foram muitos anos ouvindo piadas gordofóbicas sobre o meu e outros corpos. Muitas vezes chegando em casa após o rolê e chorando até dormir com raiva e vergonha de mim mesma. A gente não tem que aceitar esse tipo de sentimento sobre nós mesmas. O nosso corpo não é público.

Até breve :)


sexta-feira, 5 de junho de 2020

O início da história.

Nunca tive a menor vocação para ser blogueira. Mas sempre tive muita facilidade em usar as palavras. Tenho passado por muitas mudanças nos últimos anos, e todas elas acenderam em mim uma vontade imensa de falar. E não só de falar, mas também de ser ouvida. Eu preciso externalizar de alguma forma os milhares de pensamentos que ficam querendo sair a qualquer custo todo o tempo. Por esse motivo, cá estou.
Sempre tive a sensação de que, por mais que eu seja só mais uma pessoa no mundo, jogando esse monte de texto nesse espaço, alguém estaria lendo. E mais do que ler, nesse momento o que eu gostaria mesmo, mais que tudo... é que qualquer pessoa que chegue aqui não só leia, mas que também se identifique de alguma forma com os conteúdos propostos.
A temática desse blog em sua nova versão não poderia ser outra: minha relação com meu corpo e todo o processo de aceitação que venho trabalhando comigo mesma ao longo de alguns anos. Acho que todas as pessoas que me conhecem sabem o quanto esse é meu tema favorito desde que as coisas mudaram dentro de mim.
A grande questão é que a relação que tive com o meu corpo durante boa parte da minha vida sempre foi de ódio. O fato de estar cercada de outras pessoas com corpos totalmente diferentes do meu (e socialmente mais aceitos) desencadeou uma série de inseguranças que se arrastam até hoje. E por incrível que pareça, o que deu o start para que a psicologia reversa começasse foi a internet. Encontrei no YouTube, Instagram e outras redes sociais pessoas que se pareciam fisicamente comigo, falando sobre corpo, peso, padrão estético... Pela primeira vez, não existia nenhum discurso de emagrecimento, nem um discurso que me fizesse querer mudar algo em mim. Muito pelo contrário, os discursos dessas pessoas batiam na tecla do amor próprio.
A partir daí, comecei a consumir conteúdos que aos poucos, fizeram com que eu passasse a me enxergar com mais amor. E isso foi imprescindível para que eu mudasse todos os comportamentos auto depreciativos que tive comigo mesma ao longo da vida.

É difícil começar a falar do assunto amor próprio e não querer contar todas as experiências de uma só vez. Mas acredito que cada uma delas mereça ter um espaço especial. A cada nova publicação, espero trazer luz a outras pessoas que passaram ou ainda passam por experiências semelhantes às minhas, e espero que esse se torne um espaço confortável onde possamos conversar sobre isso.
Se ninguém chegar até aqui para ler isso, não tem problema, falar sobre isso, mesmo que sozinha, já é um grande alívio para mim mesma.
💜

terça-feira, 19 de maio de 2020

O retorno.


Olá!

Foram muitos anos longe, né? Por esse motivo, sinto necessidade de me apresentar novamente. Até então, todo o conteúdo desse esquecido espaço era sobre sentimentos pré-adolescentes e amores não correspondidos. Era sobre histórias inventadas e experiências banais que eu, brincando de ser escritora, transformava em coisas maiores, ampliando a magnitude dos fatos para que eles ficassem bonitos no papel (eu realmente escrevia no papel antes de publicar).
Esse blog foi criado em Julho de 2009, no auge dos meus quinze anos e de todos os sentimentos que só uma pessoa de quinze anos é capaz de entender. A semelhança dessa adolescente chateada com o mundo e da pessoa que escreve agora é que: ela precisava desse espaço para transmitir seus pensamentos, sonhos e histórias. Além de continuar chateada com o mundo! Porém, existe uma grande diferença que só um espaço de dez anos e muito autoconhecimento poderia desencadear: é a necessidade de parar de fantasiar histórias e falar do que é real. De vivências reais. De reflexões e desconstruções que fizeram parte de todos esses anos e que ainda acontecem para que, daqui a outros seis, dez ou vinte anos eu possa voltar, rir um pouco das coisas malucas que escrevi e ficar feliz por perceber que evoluí.
Decidi não apagar as publicações antigas, afinal esse retorno é também sobre não ter vergonha de quem eu era. Mas ao invés de me apresentar como “Blue”, como fazia antigamente, agora eu vou me apresentar como Laura. Decidi mostrar o rosto porque a Laura não tem vergonha de ser descoberta. Não tem vergonha de se expressar e muito menos vergonha de ser quem ela é. 
Esse espaço agora vai ser sobre isso.
Sobre mim.
Sobre a Laura e suas vivências.
E também sobre qualquer outra pessoa que por acaso venha a se identificar com as reflexões e histórias (dessa vez não fantasiadas) que vão fazer parte dos singelos documentos de texto que serão compartilhados nessa página.

Nos encontramos em breve! =)