segunda-feira, 2 de julho de 2012

Tabuleiro.

Entrega tudo o que tem de mãos beijadas ao desconhecido. Entra no jogo sem saber as regras, só sabe mesmo onde é o início. O final dele sabe-se lá se um dia encontrará. Joga os dados e encontra pelo caminho muitos avisos de "volte para o início". Mas você se boicota. Sempre gostou de fingir que quem ditaria o final da partida seria você. Mas no fundo, bem no fundo só sabe que nada sabe.
Se tivesse bom senso, voltaria mesmo ao início e não recomeçaria a partida. Mas prefere se arriscar mesmo que isso signifique morrer na praia. E é isso o que te torna humano. Arricar mesmo sabendo que pode botar tudo a perder. Você está vivo, e só vai se dar conta disso no momento em que todas as peças do tabuleiro estiverem a sua frente. Mas você é forte, segue em frente sem medo, e desiste ao se sentir fraco.
Que graça teria estar vivo se não fosse por jogar os dados para o alto sem deixar que eles ditassem seu caminho? O primeiro passo para a felicidade é saber a hora de abandonar a partida e começar uma nova. Encontrar novos caminhos inseguros e enfrentar desafios inesperados.
A vida é agora, e desistir de jogar não é vergonha. Ter forças para recomeçar sim, é um mérito. Erga a cabeça e siga em frente, volte para o início quantas vezes achar necessário. Jogue tudo para o alto quando necessário, mas nunca esqueça de recomeçar. É em um desses recomeços que se esconde a sua grande vitória.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Doces sonhos.

Impossível enxergar o céu no dia de hoje. A janela embaçada pelo frio só permite que se imagine a quantidade de corpos que querem se entrelaçar durante a madrugada mas permanecem frios pela distância. Não posso contar estrelas, não posso ver a lua. Mas vem com esse frio o chá quente, a cama repleta de cobertores, uma música baixinha, servindo apenas para tirar das costas o peso de segunda feira, e o mais importante de tudo: aquela foto daquele corpo agora distante, que a pouco tempo atrás aquecia minhas mãos, mas teve de partir até o dia de amanhã,deixando comigo apenas o calor do seu coração. Doces sonhos, sonhos doces.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Madrugada

Acordei atordoada, o vento soprando forte. O relógio marcando 4:37. Olhei pela janela e vi folhas secas voando lá fora. Me aninhei entre os cobertores felpudos e comecei a lembrar. O seu perfume ainda estava em meus cabelos. E então lembrei daquele rosto, vindo sorridente em minha direção. Nunca tinha me sentido tão bem na presença de alguém antes.
As intermináveis conversas que iam noite adentro, sem sentido algum. Espero nunca mais ter que sentir falta delas. Queria que estivesse aqui agora, para celebrar comigo o frio que faz lá fora. E unir o calor dos corpos em um daqueles abraços sinceros.

AXR

sábado, 31 de março de 2012

Sonha, menina!

Fecha os olhos e sonha! Sonha porque a realidade é cruel. Sonha, e quado abrires teus olhos novamente não esqueça a fantasia do ninar. Vai pro teu mundo das fadas, dos anjos, dos céus claros, das estrelas.
É, menina, os dias aqui não tem sido fáceis. As horas demoram a passar e o inverno vem chegando. As flores que havíamos plantado pelos jardins estão murchando. E as alegrias do rolar na grama e correr ao ar livre já não são mais possíveis. Estamos todos presos, menina. Presos dentro de nós mesmos.
Sonha, menina. Sonha porque é no vazio do sono profundo que solitários como nós sentimos a ternura da felicidade plena.




quarta-feira, 14 de março de 2012

Na esperança de te ver chegar.

Apareceu de surpresa ao meu lado e disse em tom de brincadeira: "Finalmente consegui passar!". Meus pés não se moviam e passei a falar com pressa, sem nem saber que palavras saíam de minha boca. Breve diálogo. Passou-se o dia que mais pareceu se arrastar. Eu, eu me arrastei pelas paredes brancas rindo de mim mesma, tendo plena noção do quão ridícula me torno cada vez que chego perto dele. Os aos passam mas a reação continua a mesma. Totalmente ridícula.
Ao fim do dia, passou novamente ao meu lado. Foi, voltou, acendeu um cigarro. Vi seus olhos voltados para mim. Para mim? Doce ilusão, não é mesmo olhos castanhos? Agarrou uma bela loira pela cintura, beijou seus lábios uma, duas, talvez três vezes. Novamente, voltou seus olhos em minha direção, beijou-a novamente.
Por impulso, decidi sair. E então escuto de meus amigos que sou idiota, boba. Mas aqui dentro ainda canto tua canção: "Eu vou deitar, deixar a porta aberta..." Desejo mais uma vez que essa porta esteja aberta também para mim. Mas nunca está. Ontem mesmo havia dito para mim mesma que de tanto tentar aprender a nadar, morri na praia. Morri por dentro.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Amor?

Acabei descobrindo por meios não muito felizes hipóteses que de uns tempos pra cá, tem se tornado algum tipo de verdade absoluta: O amor é bizarro. Não, não estou querendo ser drama queen, é só algo que o tempo me provou. As pessoas correm, choram, criam rugas e embranquecem seus cabelos. Porque? Por algo tão finito. Sim, porque sejamos honestos com nossos corações... O amor é finito. Ninguém gosta de admitir, mas é.
O amor também não é assim tão bonito. Com o perdão da palavra, foda-se essa história de "felizes para sempre" . Tá na hora das pessoas acordarem. Sinto informar, mas o mundo não vai esperar que cada um encontre seu príncipe encantado para seguir em frente. E certo ele, porque esse besteirol de filme não existe. Existe admiração, existe vontade de estar junto, existe carinho, respeito. Mas amor...
Acredito eu que o amor seja profundo, audacioso, verdadeiro e me pergunto constantemente se eu já amei verdadeiramente alguém. Sim, porque até o presente momento, todos os meus "amores" foram facilmente substituídos. Ok, não assim tão facilmente, mas superados ou esquecidos com o tempo, e essa não é a visão que eu tenho de algo realmente verdadeiro.
Será que algum dia eu vou conhecer alguém que saiba o que é realmente amar e ser amado? Alguém que saiba o verdadeiro sentido de Eterno... Certo, provavelmente ninguém vai voltar do além, então vou seguir a linha de raciocínio de um ser racional: Talvez eu ame, talvez não. Talvez algum dia eu saiba o que é se sentir amado por alguém também... Antes de dar meu último suspiro, prometo escrever-lhes para contar se uma mera mortal algum dia encontrou o verdadeiro sentido da expressão mais usada de todos os tempos: Eu te amo.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Querido Diário.

As cartas de amor foram jogadas em um canto, esquecidas. O sentimento que invadia o peito e radiava os dias agora é apenas ilusão. Ilusão.
Sabe que, as vezes me pergunto se vai ser sempre assim... Gostaria que não fosse. Um dia cansa olhar para trás e ver que as alegrias foram deixadas lá mesmo. O passado tem que ser sempre apenas passado? Porque é que as coisas boas não podem se transportar para o futuro? As vezes eu acordo no meio da noite e sinto um aperto no peito. Como se algo estivesse sempre inacabado. Um calafrio percorre todo o corpo, desde os calcanhares até o último fio de cabelo. Me aninho por entre as cobertas mas a sensação gélida continua.
A dor vai entrando sorrateiramente por vãos que todos acreditam que nem sequer existem mais. Mas eles estão ali, e você só se dá por conta quando um vendaval de emoções se junta e cai sobre a sua cabeça desocupada e seus pensamentos vazios tornando o viver algo apenas necessário.
O querer vai embora. A vontade que já nem existia se transforma em calorias e calorias a mais.
Sobrevivemos. Esperando as noites de tormenta, as palavras confusas. E que venha a angústia, contanto que todo e qualquer sentimento continue sendo verdadeiro durante todos esses instantes, por mais confusos e profundos que eles sejam.
Deixa estar, a brisa do amanhecer está logo a frente.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Dois olhos para um olhar.

Olhos verdes:

Raiva, angústia, lembranças... Não sei definir. Mas olhos verdes, essas lembranças que você me traz... Chega a doer o peito. Dói sim. Fazem quase dez anos e eu não sei se sinto raiva, ou se gosto. Mas algumas palavras suas e meu mundo gira numa velocidade tão grande que só me vem duas coisas em mente: te chutar para sangrar como eu sangrei, ou te abraçar pra sempre, pela primeira e provável última vez. É.


Olhos castanhos:

Minha cabeça começa a doer no momento em que lembro de você. Sabe, olhos castanhos, os momentos foram poucos e provavelmente não se lembre deles. Mas eu lembro. Lembro do seu cheiro e do tom de sua voz sussurando no meu ouvido. Tem dias que eu rezo para que o tempo volte. É estranho pelo tempo que passou. Mas é um sentimento que não vai embora. Deve ser teimosia minha, mas eu lembro todos os dias...380 estrelas. E você, lembra?