quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Incertezas.

Por um minuto meus olhos se fecharam e lá estava você, com aquela camisa vermelha que eu amo, só faltava mesmo usar a bermuda amarela daquele dia... Eu te olhei e como se tivesse uma parede invisível na minha frente, simplesmente não pude continuar a andar; meus passos eram bloqueados pelo teu semblante, pelos teus olhos distantes e enigmáticos. Meu corpo, que pegava fogo por causa do calor, em questão de segundos, congelou, congelou por dentro ao perceber que iria em breve sentir teu perfume a tão poucos metros de mim, como eu estava com saudade do teu perfume...
Continuei a andar, atordoada e sem saber para onde olhar, e você continuava vindo em minha direção, no momento em que eu finalmente poderia te abraçar, as pessoas cruzaram o meu caminho e quando pude te olhar denovo, já estavas longe.
Ah, destino... Porque insiste em ser cruel? Eu só queria sentir aquele perfume, e tocar naquele rosto novamente, depois de tanto tempo. Continuei atordoada, andando como se estivesse perdida, tão desorientada quanto uma criança em um playground; aquele shopping tão pequeno jamais me pareceu tão grande, e as escadas pareciam não ter fim. Finalmente cheguei a porta, respirando ofegante e esperando que pudesse esquecer que havia visto aquela imagem tão linda sem poder tocá-la. Minutos depois, enquanto eu estava a me recompor, ali estava ele, saindo, pela mesma porta pela qual eu havia passado menos de dois minutos atrás, desta vez, ele notou meus olhos e eu então pude perceber que as pessoas que antes cruzaram meu caminho foram apenas uma desculpa conveniente que eu inventara para apagar do meu coração todas as vezes as quais seu olhar passou perto e fez questão de desviar.
A realidade se torna difícil quando não somos capazes de inventar essas mentirinhas para nós mesmos, eu sabia, lá no fundo que aquele meu amor não queria me olhar, mas usei as pessoas. Tantas vezes usei desculpas bobas para me privar de sentir o que eu estava tentando evitar a tanto tempo, mas hoje, neste dia quente de verão, eu percebi que não preciso mais disso, que esse olhar que tanto me machuca simplesmente não quer me olhar; e que se meus olhos não forem de encontro aos dele, eu não precisarei sentir novamente tantos calafrios em meio aos 30º que fazem lá fora.
Então ele passou, e novamente eu gelei. De que adianta filosofar tanto se no momento em que os corpos se aproximam não existe nada mais? Apenas incertezas, sempre incertezas.

Longe de você eu enlouqueço muito mais.

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