sexta-feira, 20 de maio de 2011

O castelo no campo (parte 1)

Amanheceu naquela cabana ao longe. Ela era simples, toda feita de madeira. Da chaminé saía ainda a fumaça da noite anterior. O sol entrou pela janela e tocou meu rosto. Eu abri os olhos e senti aquela preguiça matinal, esticando os braços e bocejando. Levantei-me da cama quentinha, calcei minhas pantufas e fiz meu café.
- Imagine-se agora com uma roupa leve, confortável, disse-me a moça.
E foi o que eu fiz. Vestia agora um jeans surrado e uma camiseta cinza. Fiz um café preto e fui até a varanda. Descendo os três degraus que antedeciam a porta de correr, pude ver a grama verde lá fora. Ao abrir a porta, senti a brisa batendo no cabelo. Fui até a grade e apoiei a xícara na mesma.
Fechei os olhos e a sensação de liberdade consumiu meu corpo. Deixei a xícara ali mesmo, e saí correndo pela grama. Pés descalços, sorriso no rosto. Avistei ao longe um castelo. Curioso como eu nunca o tinha visto ali. Sem pensar duas vezes, aproximei-me lentamente do portão, empurrei-o com a mão e adentrei o lugar. Ao seu redor toda a mata era escura, doentia. Mas ali, dentro das paredes daquele portão, a luz resplandecia como nunca. Dei de cara com um pequeno chafariz. Atrás dele, a porta. Grande, devia ter uns três metros. Cuidadosamente caminhei até ela. Estava entreaberta.
Pude ouvir os ruídos que vinham da madeira seca. E fui andando porta adentro, dando de cara com uma bela escada, a qual dava para uma portinha perto do último degrau. Aquele castelo era diferente de todos os que eu já havia visto. Simples e vazio. Percebi que logo ao canto direito da parede havia um buraco no chão, andei lentamente até ele. Não podia ver nada além dos três primeiros degraus de uma escada de madeira meio podre. Decidi descer.
O lugar era frio, úmido e escuro. As janelinhas aos cantos pouco iluminavam. Senti-me muito só por alguns instantes. Um gato cinza miou baixinho e acariciou minhas canelas com a cabeça, ronronando. Peguei-o no colo. A solidão foi embora.
- Agora tu tens poderes mágicos, muda este lugar, faz dele o que quiseres, continuou a moça.
E o lugar foi então se transformando... A luz continuou fraca, mas a lareira ao canto ajudava a enxergar. Uma poltrona e um tapete logo a frente. Uma pequena estante cheia de livros à esquerda, e um banquinho que serviria de apoio para os livros. Uma adega ao fundo. O lugar estava perfeito.

(em breve postarei a continuação)

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