quarta-feira, 3 de agosto de 2011

380 estrelas (repostagem)

Aquela noite estava diferente, eu podia ver todas as estrelas brilharem cada vez mais lindas e de um jeito especial no céu.
-380 estrelas, disse Marcos.
-380? Mas como você sabe? Não vá dizer que ficou contando estrelas!, dei uma breve gargalhada.
-Contei!, disse ele, sério.- Estava eu deitado certo dia, sem conseguir dormir por causa do calor, a janela estava aberta e o céu cheio de lindas estrelas; não pude evitar, comecei a contá-las. Vez ou outra eu me perdia pensando em coisas que me lembrassem aquelas estrelas, e tinha que começar a contar tudo novamente. 380!- afirmou novamente- no espaço deste pequeno quadro de maravilhas que é a minha janela, haviam 380 estrelas.
Eu olhava, perplexa, não sabia exatamente o que dizer. O quarto não era muito grande, haviam duas camas, na verdade apenas uma - que dava para aquela janela- a outra era apenas um colchão . As paredes eram brancas e sujas, a tinta descascava, ao lado da cama uma prateleira na qual eram guardadas as roupas - ao menos as que não estavam espalhadas pelo chão do local- e ao canto da parede, um violão.
Olhei para ele,séria:
- Eu gosto de você. - depois disso bebi mais uma dose de vodka e comecei a observar o gelo. Marcos me olhava.
- Isso é só paixão. Em breve você vai olhar para tras e rir de si mesma por dizer que gosta de um idiota como eu.
De cabeça baixa, tudo que eu conseguia fazer era escutar, e continuava brincando com aquelas pedras de gelo que ainda estavam no copo, tentando não falar mais do que devia, eu já havia me humilhado o bastante para um dia só.
- Eu sei.- disse eu.- Espero que o que eu sinto se desfaça, se dilua, da mesma forma que essas pedras de gelo. - Bebi.
Ele pegou o copo da minha mão, bebeu um gole da vodka, largou-o no chão, já vazio, acariciou meu rosto com cuidado, se aproximou tão devagar que pude sentir sua respiração ofegante cruzar com a minha, e me beijou.
Quando fui dormir, lembrei mil vezes de cada detalhe daquela tarde, e ainda podia sentir suas mãos perto das minhas, e nossos lábios em tão perfeita simetria. Deitada na cama, sem sono, eu olhava para o céu... Contei 380 estrelas.

Nota ao leitor: Estou repostando primeiramente por ser um texto que foi e é muito importante pra mim, e também pelo fato de que, em seguida, virá um post reflexivo sobre ele.

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