segunda-feira, 31 de maio de 2010

Chá de morango.

Escuto a chaleira gritar. Levanto da velha poltrona, sem vontade. Desligo o fogão. Xícara, saquinho de chá de morango, bastante açúcar. Encho o recipiente com água fervente. Volto a me sentar. Olho pela janela. Céu escuro e sem estrelas. Noite fria. Pele fria. Meus cabelos desgrenhados são o reflexo da solidão de domingo. O pijama surrado e a pantufa rasgada só confirmam a ausência de alegria em minha face.
O cômodo vazio é um espelho de todo o meu corpo. Uma vez quando ficava sozinha, pensava em tantas coisas. Agora já não consigo mais. Simplesmente não dá. À medida em que a lua se aproxima e o céu se fecha, minha alma se fecha também. A solidão toma conta de mim e não restam motivos para seguir respirando.
Nem triste, nem feliz. Nada. Simplesmente nada. Só vazio. Amo tanto as estrelas. Mas nem essas tem aparecido para me fazer companhia de uns tempos pra cá. Nos meus pensamentos só uma imagem. A velha imagem. Os traços borrados, os sorriso apagado e o olhar distante. Lembranças de um tempo tão distante.
Estou tão distante de mim mesma quanto o céu está das águas do mar. Um além impossível de ultrapassar. Quero me encontrar em mim novamente. Achar o eu que se perdeu. Tomo o último gole de chá, despejo água na xícara e a deixo sobre a pia. Vou deitar. Nada mudou de ontem pra cá. Mais um dia vivido em vão.

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