terça-feira, 27 de julho de 2010

Um café e um amor.

Não costumo apagar nada do que escrevo. Normalmente deixo em algum lugar até o que não me agrada. Afinal, são sentimentos que coloco no papel. Muitas vezes antes de dormir surgem na cabeça mil idéias, mil histórias. Mas nem sempre tenho a vontade de levantar da cama quentinha para transcrever meus devaneios, e no outro dia, a história se perde. Só que esta... Esta eu tinha de contar!
Ele acordou cedo naquela manhã. Acendeu um cigarro e tomou um copo de vinho. Era um cara reservado. Não muito alto, moreno, olhos claros. Também não tinha lá muitos amigos, quem dirá namoradas. Gostava de ler clássicos e ouvir boas músicas, e não era muito de conversar.
Havia ido a um bar na noite anterior. Lugar calmo, escuro. Tomou alguns drinks e se limitou a pensar. Olhando fixamente para frente, sem prestar atenção no que acontecia ao redor. De repente, uma mulher se aproximou. Loira, alta, olhos castanhos. Roupa preta e vermelha.
-Posso sentar aqui? perguntou ela- os outros lugares etão vazios...
Ele não respondeu, só conseguia olhar para aqueles olhos.
-Ei, moço? Esta tudo bem?
-Err... está sim. Pode sentar.- disse ele gaguejando.
Ela acendeu um cigarro,sentou-se na frente dele e começou a conversar, como se o conhecesse a anos. No início, ele estranhou, mas quando se deu por conta já estava ali, tagarelando junto com ela. Mesmo gosto musical, mesmo gosto por livros, mesmo tudo... A tempos não encontrava alguém assim, tão parecido com ele.
Aí está, ele finalmente se pegou pensando em alguém. Decidiu dar uma caminhada para não se agoniar com seus pensamentos. Desceu as escadas e andou rua a fora. Caminhava olhando para seus pés, pois não gostava de olhar muito para as pessoas. De repente, esbarrou em alguém. Levantando a cabeça, acabou por encontrar cabelos que o vento bagunçava; levantando devagar, encontrou seus olhos. Era ela. Não conseguiu se conter e sorriu. Cumprimentou sem jeito, e a convidou para um café. Depois de muito conversarem, decidiram ver um filme. Ele levou-a para sua casa, encontrou um filme antigo que ambos gostavam, pegou uma garrafa de vinho e sentou ao lado dela. Quando olhava para o lado podia perceber os lábios carnudos daquela moça pedindo para serem beijados. Ao se mordiscar discretamente, ao acariciar sua mão, ao sorrir. Seus rostos foram se juntando, e os lábios se entrelaçaram em um beijo doce, quente. Parecia que ambos eram duas criaturas em busca de uma presa, o calor do corpo de cada um saltava de dentro pelo movimento das mãos.
Apesar do dia frio na rua, naquela sala tudo parecia fogo. Tirar uma por uma das peças de roupa foi inevitável. O fizeram então, lentamente. Cobrindo-se de beijos e carícias em intervalos curtos de tempo. Os dois corpos se entrelaçavam com perfeição, os movimentos estavam em perfeita sintonia, como se cada um soubesse exatamente o que o outro queria. Amaram-se como jamais haviam amado alguém antes. Gemidos ofegantes ultrapassavam as finas paredes. Os corpos estavam suados,insistindo em pressionar-se um sobre o outro, traziam sensações que nenhum dois dois havia sentido antes.
No final da tarde, ela vestia sua roupa. Ele a olhava delicadamente e percebia que aquele corpo era o que ele precisava para se sentir feliz novamente. Convidou-a para ficar, mas ela disse que não. Pediu então para se encontrarem novamente, ela respondeu que estaria saindo da cidade no dia seguinte. Se despediu, vestiu o casaco, agradeceu e saiu pela porta.
Ele ficou observando ela ir embora, pensativo. Respirou fundo e sorriu. Sabia que sentiria falta dela, mas teria que seguir em frente. Voltaria a levar a mesma vida de sempre, afinal. Foram apenas dois dias. Dois dias que ele não iria esquecer. Fez mais uma xícara de café e acendeu outro cigarro. Sentou-se na velha poltrona e riu sozinho. Estava feliz de qualquer forma, e a solidão que contemplava os seus dias passou a ser bem vinda desde então. Alguns olhares cruzam o nosso e vão embora em seguida. A vida tem dessas coisas, idas e vindas. É preciso aceitar para seguir, e aprender a ser feliz sozinho, como o moço da história aprendeu.

2 comentários:

  1. laurinha *-* que linda essa postaagem, mto mto contagiante a leitura! sério parabéns,

    ResponderExcluir
  2. "Amaram-se como jamais haviam amado alguém antes."

    Gostei dessa aqui também:

    "Alguns olhares cruzam o nosso e vão embora em seguida."
    "É preciso aceitar para seguir, e aprender a ser feliz sozinho."

    Você lembra meu jeito de escrever. rs
    Adorei seu blog, beijos!

    ResponderExcluir