domingo, 28 de junho de 2020

O corpo ideal.

Precisamos normalizar a palavra "GORDA". 
Não é de hoje que nos deparamos em mídias sociais com a ode ao corpo perfeito. Muito antes de existirem redes como Facebook e Instagram, o retrato da aparência ideal já era refletido em revistas e na televisão. É comum conversar com mulheres e ouvir seus relatos de como elas lutam para fazer de seu corpo um lugar mais confortável para se viver, e o confortável, em geral, é sempre o mesmo: magra. Crescemos com a ideia de que é preciso estar magra para estar bonita e saudável. Mas esquecemos de todos os problemas psicológicos e de saúde que essa busca pela perfeição inatingível causa nas mulheres. 
Esquecemos de discutir a quantidade de dietas restritivas que adoecem corpos normais. Nos atemos a olhar o corpo magro e entendê-lo como um corpo saudável. Também esquecemos de nos questionar se nosso descontentamento realmente vem da gente ou se faz parte dessa pressão sofrida ao longo da vida para ser bonita e saudável (quando na verdade isso quer dizer apenas: magra). As mídias sociais transformaram o corpo feminino em um produto ainda mais tóxico. Agora, toda blogueira fitness do Instagram indica chás, dietas milagrosas e o treino perfeito para sua perda de peso. Esquecemos então de refletir sobre o quanto magreza não é sinônimo de saúde (nem física e muito menos emocional), e passamos a correr atrás dessa perfeição de forma ainda mais fervorosa. 

Que nosso corpo foi transformado em produto nunca foi novidade. Mas essa ode ao corpo perfeito, se dependesse de mim, estaria com os dias contados. 

Em contrapartida, as redes sociais também trazem atualmente movimentos contrários, que nos permitem perceber nosso corpo como algo lindo e único. Quando descobri esse espaço e deixei de lado a frustração de não ser perfeita (aos olhos dos outros), tudo mudou. Que mulher gorda nunca ouviu os comentários "você é linda de rosto", "se você emagrecesse um pouquinho...", "ah, mas você não é gorda, é cheinha"? Aqui volto a dizer: precisamos normalizar a palavra gorda. Precisamos entender que ser gorda não é feio, não é horrível e muito menos doente. Ser gorda é uma característica física, assim como ser magro, alto, baixo... Enquanto essa palavra for utilizada nas mídias como forma de diminuir o outro, não daremos o passo necessário para a prática do auto amor. 
Também é preciso que esses comentários não sejam mais vistos como normais. As pessoas tem que entender que o nosso corpo não é utilidade pública. Ninguém precisa achar ou deixar de achar nada sobre ele, independente do tamanho que vestirmos.

Essa história de preocupação com a saúde não cola mais. As pessoas não estão preocupadas com a sua saúde, elas olham para o seu corpo e sentem algum tipo bizarro de pena por você viver em um corpo no qual elas não aguentariam viver nem mesmo por um dia. E isso é péssimo, e eu é que tenho pena desss pessoas. É por isso que precisamos normalizar a palavra "GORDA". Para que nós, mulheres gordas, possamos escutá-la não com medo, mas com naturalidade, sabendo que não tem nada de errado em ser como somos. 
Se você não se sente bem e deseja mudança, também não tem problema. Mas é bom refletir os motivos desse desejo. E é bom também lembrar que a gente precisa, antes de tudo, se amar para poder mudar o que a gente gostaria em nós mesmas. As mudanças saudáveis não vem da raiva. Elas vêm do amor. <3

Até logo :)


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