quarta-feira, 19 de maio de 2010

Os perigos de cada um.

Um mosquito que vai ao teatro e precisa tomar cuidado com as palmas. Uma piadinha boba, mas que tras consigo a pergunta: "E o seu perigo, qual é?". Acho que somos todos pequenos mosquitinhos, correndo pelo mundo com medo de olhar para os lados e receber uma bofetada da vida. A palavra perigo acende os medos que existem dentro de mim. São tantos.
Medo de água, medo da morte, medo de pombas, medo de não alcançar meus objetivos, medo de chegar aos vinte sem ter concluído o ensino médio.... Muitos medos que trazem consigo os perigos. Acho que eu sou um perigo para mim mesma. Sou sim. Definitivamente não aceito de forma alguma não alcançar meus objetivos. Quando alguma coisa sai errada, é como se uma parte de mim fosse destruída. Isso me lembra o fato de que já vão fazer quatro anos que estou no Ensino Médio, o que é um verdadeiro perigo aos professores e colegas, já que todos são obrigados a aturar o meu eu revoltado. Por ser um perigo ao natural, encarar o que me vem pela frente sem medo algum, me torno inofensiva aos que me rodeiam. Não sou capaz de agredir alguém sem ser com palavras. Aí esta o perigo de ser inofensiva fisicamente. Muitas vezes não meço o poder que tem uma palavra e ela sai de dentro de mim como se fosse uma pedra atirada no meio do peito. Mas sou eu que fico sem ar.
Tenho mania de me consumir pensando demais em tudo. Me preocupando demais. O maior perigo que existe em mim e para mim é o amor. O amor de todas as formas possiveis de existência vem destruindo cada pedaço que resta de mim. Me entrego demais. Amo demais. E quando eu falo amor não é essa histórinha clichê de namoradinho que não me ama. Eu falo em amor de verdade. A começar pelo amor paterno. Nunca recebi volta em relação ao amor que sinto pelo meu pai. Em dez anos, ele esteve presente no máximo quatro vezes em minha vida. Tenho medo de perde-lo e não lembrar de seu rosto, sua voz, seu cheiro... Sinto falta.
O amor é um perigo porque a visão tão perfeccionista que temos em relação a ele nunca é real. O que significa que livros e filmes não vão ser parte de nossa história. As coisas não vão se repetir. Nem todos teremos sorte. Não é um grande perigo viver de ilusão?
Viver em um mundo só seu. No qual não existe mais nada além de pensamentos tristes e palavras vazias. Um mundo onde as promessas não valem nada pelo fato de que fui ensinada pela vida a não criar expectativas e a não acreditar. É um perigo, um grande perigo viver só.
Sentir que o quarto está sempre escuro e que só as paredes tem o poder de entender. É um perigo se tornar alguém como eu. Alguém que tem expectativas mas desacredita tanto em tudo. Mas todas as vezes em que me sinto bem, percebo que termino igual. Sentada em uma cadeira, num quarto vazio, ouvindo uma música triste e pedindo por tudo que há de mais sagrado um sorriso que seja verdadeiro, uma palavra de conforto e o final de todos esses perigos que me rodeiam.

Um comentário: