segunda-feira, 5 de abril de 2010

Quando a morte chama.

Lúcia mudou-se para o 12º andar.A princípio estranhou o sossego, era a única moradora do prédio, então o silêcio era absoluto. Ela se perguntava então porque se mudar para um lugar tão alto. Ria sozinha. O apartamento ainda estava meio empoeirado. As janelas e cortinas todas fechadas e a escuridão tomando conta do local. Com dificuldade, começou a carregar suas coisas para dentro. Seu porte físico não lhe ajudava muito. Cabelos loiros, 1.65 de altura, e no máximo 50 quilos. Era uma mulher bonita, apesar do sofrimento que antecedera sua história. Depois de passar horas arrumando o lugar, o cômodo parecia habitável. Já cansada, entusiasmada e inquieta , foi deitar-se. Fez sua oração e então adormeceu.
Os sonhos eram azuis e belos, até ouvir-se o som da campainha. Achou estranho, afinal, era o 12º andar de um prédio habitado apenas por ela. Mesmo assim, levantou-se para atender. Ao abrir a porta, nada. Olhou para um lado e para o outro, já com medo. Nada. Fechou a porta. Ao olhar às suas costas, uma menina. Pequena e pálida. Os cabelos negros bagunçados cobriam-lhe o rosto. Estava ali sentada, suja e imóvel no sofá vermelho de sua sala. Apavorada e sem saber o que fazer, perguntou:
- Quem é você? O que faz aqui? Como conseguiu entrar?
- Entrei pela porta. - Respondeu a pequena sem lhe olhar nos olhos .
A moça. que mal respirava, em um piscar de olhos ja não viu mais a garota. Lúcia olhou para os quatros cantos da sala. Nada, a garota havia realmente desaparecido . Foi ate a cozinha , abriu a geladeira, pegou um copo d'agua e ao se virar surge novamente a pequena, que por sua vez estava olhando diretamente dentro de seus olhos, vermelhos e ensanguentados.
O copo caiu, e quebrou. Derrubando o líquido que ali estava.
O telefone toca. Ela se acorda.
-Pronto.
-Ela morreu, Lúcia. E seu último desejo foi viver para sempre ao seu lado.
Era da sua irmã mais nova que a moça ao telefone falava. E agora ela ficaria sim ao seu lado, mesmo sem querer.
Um frio percorreu o corpo de Lúcia, que derrubou o telefone no chão sem perceber. A menina estava agora no reflexo da janela que dava para a sacada. Afastando-se lentamente. Lúcia correu, abriu as janelas. Quando não pode ver mais o reflexo da menina, pulou.
Em cima da mesa, apenas um bilhete foi deixado: 'Ela foi embora, e quis me levar junto. Eu não podia deixá-la sozinha'


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Deixo bem claro que a idéia inicial desta história e muitos dos fatos nela descrito são de autoria do João Gabriel.

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