quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quem sou eu? - Filosofia.

-Tudo bem? - perguntei, como de costume.
-Não muito...
-Mas porque? O que aconteceu?
-Meus olhos estão com calor...
-Com calor?
-É. Aí eles começam a suar.
-Ah... os meus olhos costumam fazer a mesma coisa, quando suam, choram. Eu choro.
Eu choro... Choro por não poder explicar com palavras, nem gestos, nem músicas quem eu sou. Será que eu não sei? Não acho que tentar me explicar seja válido. Sigo com vontade de demonstrar mais vida, e quando eu digo vida me refiro aos sorrisos, e as lágrimas de alegria que saltavam de mim tantas vezes em meu passado. Será que isso se perdeu? Eu mudei tanto assim?
Mudei. Mudei e continuo a mesma. Nem simples, nem complicada. Nada. Uma mistura de tudo um pouco. Um grande e comprido livro cheio de devaneios, emoções, tragédias e mentiras. E muita, muita alegria.
Mas agora, agora é tudo diferente...
É como se eu estivesse sangrando o tempo todo. invisível, mas a dor continua ali. Uma ferida que não cicatriza, não se cura. Dá um aperto aqui dentro ver que o mundo anda e eu continuo aqui, parada. Sempre fazendo a mesma coisa, pensando na mesma pessoa, chorando as mesmas lágrimas. Não exatamente as mesmas, mas não encontro outra forma de explicar.
Poderia me lamentar por muitas coisas, se eu não me lamentasse não seria eu. Engraçado, é difícil eu ficar feliz. Mas o que é ficar feliz? Será que já fiquei feliz?
-Cala a boca, cabeça oca. Pára de falar tantas besteiras!
-Não calo não, eu preciso sair do chão e dar-lhes esta resposta. Eles querem saber quem eu sou.
(Bocejos)
-O que eles querem não importa. Concentre-se em você, ao menos uma vez na vida. Faça isso por você, por nós... e não pelos outros.
-Eu o faria, se calasse a boca.
Essa vozinha irritante dentro de mim persegue. Mas confesso, fico tão monótona sem ela... Às vezes eu queria arrancá-la de mim, mas quem me ajudaria a responder suas perguntas?
Paro para conversar comigo mesma e me esqueço de responder-lhe. Certo, voltarei a tentar.
Tenho olhos castanhos....
-Não esqueça, não se descreva fisicamente. Isso não vai adiantar nada.
-Eu já sei... Mas não fale e me deixe tentar sozinha!
Essa voz não se cala nunca, argh.
Tenho olhos castanhos, na verdade o que importa é que tenho olhos. E olhares. Muitos olhares. E eles dizem muito, muito mesmo quem eu sou. Se com palavras eu não consigo explicar, com olhares sim. Os olhos são a parte mais importante de mim. Expressões faciais, gestos e derivados; consigo inibir a todos, mas não ao meu olhar.
Me entender é tão complicado quanto explicar. Gostaria de me atirar sem medo a qualquer coisa que me aparecesse. Já perdi muito por não tentar. Mas perdi mais ainda tentando.
Não gosto de generalizar, mas sei que o faço sem perceber. Não sou difícil, nem fácil. Só um tanto bagunçada. É preciso ler nas entrelinhas de meus olhos, eles muito lhe dirão. Paro de roubar-lhe o tempo com algumas palavras de um livro que trás em si muito de mim e de quem eu sou. Só para dar fim ao clichê e às minhas asneiras.

"(...) desistiu de qualquer esforço para melhorar. Consequentemente, o aspecto físico tornou-se o espelho de sua degradação mental: adotou um comportamento desleixado e uma aparência ignóbil; o seu mau humor natural deu origem a um excesso, quase demente, de insociabilidade, sentindo, por isso, um prazer mórbido em despertar a aversão (e não a simpatia) dos poucos que a rodeiam(...)" - O Morro dos Ventos Uivantes.-

Aí está, fiz o máximo que pude para fazer-lhes entender quem sou eu. Tenho certeza de que não entenderam nada. Mas vão entender, um dia.

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Parte do que esta aí já foi escrito em 'The only exception', é um texto que fiz para a aula de Filosofia.

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